Antônio e Cleópatra (Shakespeare)

CLEÓPATRA
(sobre César, o Imperador)
“Ser César é coisa insignificante. Não sendo ele próprio o destino,
não passa de um escravo do destino (...)”.

Elizabeth Taylor é Cleópatra

Não bastasse a eloquencia, leal companheira dos textos de Shakespeare, a ambiguidade se torna, nessa peça, objeto de bastante interesse, principalmente quanto à figura de Cleópatra. Não há nada mais estimulante em um personagem do que o benefício da dúvida sobre suas intenções. Desde o início do texto tentava entender de que lado a Rainha do Egito estava, se de Marco Antônio e, consequentemente, de seu “amor” por ele, ou se de seus próprios interesses de soberana que quer proteger seu império. Essa eloquencia shakesperiana tem o poder de ora nos levar para uma conclusão ora para outra, quando na verdade nunca podemos descartar nenhuma hipótese, até que o texto prove os fatos. Pra piorar há ainda os personagens que reforçam ambas as idéias, a de Cleópatra puta e a de Cleópatra fiel... e ela, propositalmente, fica com sua personalidade pendente. A peça tem vários outros pontos interessantes, como por exemplo a relação entre poder e objeto, diga-se de passagem: algo mais do que atual, é um "plot" eterno; aqui os reis tratam de seus impérios como coisicas, como brinquedos. Aquele velho lance de desprezo do grande industrial pelos seus operários e por ai se seguem outros tantos exemplos que podemos abordar dentro da dramaturgia. Isso também me interessa. De qualquer forma, esse “benefício da dúvida” que recai sobre Cleópatra faz parte de inumeros outros personagens dentro da dramaturgia televisiva, o que dizer de Patty Hewes (Damages)? Enfim, esse é um grande potencial a ser trabalhado, é uma arma que qualquer autor tem a sua disposição para manipular as opiniões, esconder segredos e também confundir a atenção do espectador de forma a prende-lo na trama. Técnicas! É claro, no fim da peça temos a real noção do que move Cleópatra, assim como em Damages vamos descobrindo um pouco mais do que Patty é capaz.

Cleópatra e sua áspide!

CLEÓPATRA
(rendida à César)
“Se o seu amo quer ter uma Rainha no papel de mendiga, você deve dizer a ele que a majestade, para manter o decoro, não pode mendigar menos que um reino (...)”.

Ela é muito abusada, né?

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