Cliffhanger

(WEEDS S02E12)

Resumir a intensidade de uma cena em uma palavra sempre me pareceu algo um tanto castrador. Porém, poder exprimir, em conceito, todo o processo decorrente de inúmeras ações dramáticas que foram semeadas ao longo de uma temporada e que se frutificarão em um surpreendente desfecho é, no mínimo, espetacular. Considero que para se jogar um personagem no precipício é preciso ter todo um planejamento determinado, que vai se modificando conforme as necessidades da trama. Trata-se de um caminho que leve e potencialize o conflito-abismo, aparentemente intransponível, até o personagem. Isso pode durar um capítulo, um episódio, ou até mesmo uma temporada inteira, depende da complexidade e das exigências desse processo. Esse conceito se resume a um termo que mensura suspense – é o gancho –, ou seja, o momento de exposição do personagem diante de uma situação limite, emblemática, surge um dilema que por muitas vezes pode ser fatal. Define-se o propósito da cena: alimentar o desejo do espectador de continuar nela. Todo esse momento de ansiedade em que esse emaranhado de ações explode à medida que não se conclui a situação conflitante, atrasando sua posterior conclusão, compreende-se por CLIFFHANGER!

Lembrei de inúmeros cliffhangers que já me deixaram completamente de queixo caído. Em especial vinculo a esse post uma das cenas que mais tem me intrigado: o último episódio da segunda temporada de Weeds.

Nesse trecho Nancy precisa cumprir sua parte do acordo com U-Turn, que a prometeu um pagamento em dinheiro por toda a droga que Nancy foi obrigada, por Peter, a prematuramente se desfazer. Entretanto, paralelo a esse acordo, Heylia James fez outro acordo de repasse da carga, oculto à Nancy, para os traficantes armênios. Heylia tenta, ao seu jeito, consertar o problema “Peter” e acaba chocando um acordo ao outro. Ao final, ambas as violentas partes querem a mesma coisa: a droga. Nancy está na ponta de um triângulo, fogo cruzado de uma questão até que simples de resolver, pois a droga está em seu cofre. MAS NÃO ESTÁ! A protagonista é pega por um fator totalmente inesperado, pois Silas, seu filho, querendo entrar nos negócios da mãe faz uma operação de chantagem que envolve o roubo da mercadoria, fato ainda não ciente por Nancy. SOMA-SE ao fato de que ao longo da temporada Silas vinha ameaçando o território de outro personagem, a excelente criatura CELIA HODES, que descobre JUSTO no último episódio quem estava por traz do roubo de suas câmeras de segurança, sim, era SILAS BOTWIN. Celia, enfurecida, vai em busca de Silas no pior momento tanto para o adolescente, que está com a carga em seu carro, quanto para a protagonista e por que não dizer de si própria? O cliffhanger desse desfecho vai por esse cálculo: Nancy está sob ameaça de vida e precisa entregar a droga, Silas está com a droga, mas Celia chega, com a POLÍCIA, para prender o adolescente, e agora? Sem a droga, Nancy será morta!

Esse episódio e os dois posteriores – terceira temporada – completam um triângulo de extrema complexidade e competência, principalmente por proporcionar ao espectador momentos de grande ansiedade. Há cenas de grande aprendizado.

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