Mitos cristãos

(ai que meda)

Estava a passar "O Exorcista – O início" no canal a cabo e eu fiquei a me perguntar: o que o cristianismo fez com a nossa cabeça? Encheu de coco de pombo? A história tem o seguinte cálculo: existe o mal e ele está fora de nós, logo temos a oportunidade de sermos puros, pois o mal supostamente não nos pertence. MAS, se o mal se aproxima de nós temos uma arma, a única: Jesus! É exclusivamente Jesus quem tem a força e o poder de nos proteger, é nossa única ferramenta de luta. O mito do cristianismo não considera, não pensa o ser humano como um agente de sua própria força. Não vê que a alma humana possui uma multinstrumentalidade para além de um posicionamente, que por sinal resume o sentido – aliás existe sentido? – de “conflito de vida”, entre bem e mal. Cada dia que acordamos sentimos desejos novos que certamente não se encaixam nesses dois paradigmas, muitas vezes são desejos superiores e impassíveis a tolas classificações. Mas isso é o de menos. Pensar que o filme, com todas as suas cenas de terror e de catarse, nos impressiona é pensar que ainda nos deixamos manipular por essa história que atravessa séculos e que se alojou em nossas mentes e desde então vem guiando, de um jeito ou de outro, cada passo de nossa sociedade. Não consigo pensar no social sem os efeitos do cristianismo, não consigo me pensar sem isso. Mas consigo ver o quanto podemos elaborar histórias que dialogam com esse mito, subvertendo-o ao atravessar sua falsa capacidade de imutabilidade às transformações do nosso tempo. Podemos modificar seus paradigmas. Aliás, muitas séries de TV andam pensando nessa possibilidade.

3 comentários:

Maria do Carmo Paulino disse...

Oi Guto passei por aqui, vi no facebook o link da sua postagem e vi aqui a sua publicação. Gosto muito da forma que vc se expressa, das suas fotos, sempre trazendo uma provocação. Mas isso não quer dizer que concordo com o que escreveu não, achei interessante mas não concordo que o cristianismo não considera e não pensa o ser humano como agente de sua própria força. É um equívoco analisar por este viés, pois o ser humano é livre, vai aonde quer e como bem quer. Agora o ser humano tem uma capacidade incrível de se alienar, se auto fragelar. É comodo ser subserviente. Pensar e agir custa muiiiiiiiitísssmo e é para poucos. Um grande beijo no seu coração. Ducarmo

Gustavo Morais disse...

Muito pertinente o que escreveu, Ducarmo. Obrigado por discordar, de maneira nenhuma quis passar a impressão de que o ser humano não é livre, pois penso como você, que podemos ir para onde quisermos. Como vc disse, temos sim essa capacidade de nos alienar e pensar e agir custa muito, custa um preço alto. O que disse sobre o cristianismo não nos considerar como agente foi uma conclusão ao ver esses trechos do filme, não conheço a fundo a doutrina católica, claro que posso estar errado, apesar de achar que a fé muitas vezes nos possibilita uma determinada, e rápida, alienação. Obrigado pelo comentário. Estou sempre por aqui, disposto a discutir. Gosto do diálogo. Grande beijo. Gustavo

Maria do Carmo Paulino disse...

Vamos discutir e muito vejo que vc tem muito potencial. Um grande abraço no coração

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