Luiz Fernando Carvalho

“A função do diretor é criar acontecimentos diante da câmera, para que depois ele filme.”

“A minha motivação no cinema é a passagem de um estado para outro. A cada instante preparar o espectador, como um pintor escolhe e mistura as suas cores, ou como um músico, ou como um pajé que reúne suas folhas para depois extrair delas um conjunto de sensações.”

“Além de fundar a narrativa, a linguagem é também um instrumento que, com o seu rigor, desorganiza um outro rigor, o das verdades pensadas como irremovíveis. Linguagem é a mesma coisa que necessidade.”

“O paradoxo de um filme reside no fato de só ser cinema no exato momento de seu começo, na tela ainda em branco. E permanece em branco quando nada ainda foi projetado na sua superfície. O que faz com que um filme seja cinema, que a linguagem visual de um filme seja cinema, é também uma espécie de ritual prévio que traça o espaço da consagração das imagens, e isso é justamente a imaginação. A imaginação precede a criação das imagens.”

“Tem um pensamento do Paul Valéry que eu acho maravilhoso, que é: como apreender emoções sem o tédio da comunicação? É isso que me interessa!”

“Depois que você atinge um conhecimento e uma segurança da gramática cinematográfica, você consegue perceber um pouco mais a função, a dramaturgia, e, principalmente, a emoção de cada lente. Você começa a se soltar e a se oferecer a esse olho, ele passa a ser um prolongamento seu.”

“O artista trabalha no imponderável, numa zona de mistério e de queda o tempo inteiro, ele está sempre morrendo e nascendo. Eu sei que cada obra vai exigir isso de mim, que eu morra e nasça dentro dela mesma, para escobrir como contá-la.”

“Eu não me preocupo com ibope. Tenho que pensar numa força maior do que isso, que se chama comunicação. Então, quando eu estou trabalhando, estou sempre tentando chegar à essência dela, na minha essência. Eu me exponho muito nos meus trabalhos, eles falam por mim de uma forma muito melhor. Então quando eu faço o processo de busca para um trabalho, que é como uma escavação, eu procuro saber se eu estou conseguindo passar primeiro para mim e por mim aquela informação, aquele sentido, aquele signo, aquele sinal.”

“O Brasil é múltiplo, multifacetado e imenso, todo mundo sabe. O que é um bom tempo pra você em termos atmosféricos, aqui no Rio, é um péssimo tempo para o sertanejo. O sertanejo abre a janela, vê as nuvens carregadas, o céu pesado, e fala: ‘Que lindo dia!’”

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