Joseph Beuys



"(...), a dignidade humana está indissoluvelmente ligada à inviolabilidade da pessoa. Quem ferir este princípio estará abandonando a esfera da humanidade. Por outro lado, os sistemas que precisam ser transformados edificam-se sobre as mais variadas formas possíveis e imagináveis de violência. Desse modo, qualquer uso de violência será a expressão de um comportamento que está em conformidade com o sistema; logo, reafirma justamente o que se pretende destruir".

Beuys não tem absolutamente o menor limite na sua tentativa de se pensar um novo mundo, uma nova ordem. Ele não apenas sugere que isso precisa ser feito com extrema rapidez, tamanho o abismo que o atual sistema nos lança, mas propõe formas de se processar/efetuar toda essa - radical - mudança. Sua teoria parte de uma premissa quase espiritual de solidariedade e de direito. É utópico demais, é brilhante! Sobre essa violência que Beuys tanto fala, devo dizer, é uma violência claramente psicológica. Sua cognição acerca do dinheiro reflete um pouco do que Lacan andou inferindo, sobre o caráter simbólico da moeda. Sobre o valor que damos a nós mesmos. Como se esse jogo social, ou contrato social, nos inquirisse o tempo inteiro a pergunta: qual é o meu valor? Pois tudo se tornou mensurável, tudo é senão um produto.
Ao ler Beuys me vem muito à cabeça um outro autor que predisse quase exatamente sobre esses mecanismos do sistema, em particular semelhança com o parágrafo acima, falo de Louis Althusser e seu "Os Aparelhos Ideológicos de Estado". Também uma ótima leitura.

[in: Conclamação à Alternativa]

Sigo na descoberta dos pensamentos desse grande artista...

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