Glenn Close fala sobre seu próximo filme, 'Albert Nobbs'

A quinta e última temporada de Damages!

Valle de Cuatro Ciénegas agoniza por la alfalfa

Revelação 2011

Game of Thrones: Season 2 In Production

Beagle Freedom Project

The Iron Lady Official Trailer

Albert Nobbs Trailer

Melancholia Prologue

so let's, baby...

Elevado Costa e Silva, ou o popular Minhocão



Dillon

Lose Your Soul

Bráulio Mantovani fala de Story, do McKee

Game Of Thrones: Season 2 Tease

Fica esperto na spring de 2012, fera!

Braid Trailer

LANA DEL REY, LA BELA

BBC - Century of the Self





Hot Chip

London's Riots

Anúncio de emprego em Sydney, Austrália

Need young driver (17) for occassional weekend evenings

I am a 27 year old female who works nights on the weekends. I need someone young, preferably 17 and preferably male, to drive me around on nights when I cannot drive myself.

O_O





Moves Like Jagger

Cruel by Calexico

Gulp

Deve ter sido uma experiência excitante esse set!

O filme

Making Of

Melancholia Trailer

Serventia

trik
fez a xícara
ao cair
imediata
quebrou
partida
desajeitada
antes de se recompor
pensou, mas
viu-se esmigalhada
coitada
sem uma pena
inflexível
ficou
entre cacos e poeira
ali perdida
chorou abandonada
morreu
pobre xícara
sem querer descobrir assim
seu coração
era tarde
ficou sem servir chás de limão

Uhum!

Burn The Whole Place Down

Blowing in the wind

Por Antônio Prata.
Fonte: http://blogdoantonioprata.blogspot.com/2008/11/blowing-in-wind.html

Meu pai nunca entendeu que eu e minha irmã não tínhamos a mesma idade que ele. Isso não se restringia a nós nem mudou com o tempo: até hoje ele conversa com uma criança de três anos de igual para igual, o que faz com que elas o adorem, como se o tom as promovesse a outro patamar. Quando você é filho, no entanto, a coisa é um pouco mais complicada.
Era domingo e não sei por que cargas d’água meu pai resolveu nos levar ao Pico do Jaraguá. Não era o tipo de programa que fazíamos nos fins de semana -- um sim, um não -- que passávamos com ele. Íamos a restaurantes, bares, às casas de amigos dele, ao cinema ou ao teatro. Aquele, contudo, era um domingo atípico, tanto é que a Julia, minha meia irmã (filha do meu padrasto), também estava conosco.
Lembro-me de estar deitado no banco de trás da Brasília, com as pernas esticadas por cima do encosto e a cabeça pendendo entre os bancos da frente, próxima à base do freio de mão. Hoje em dia, se a polícia pára um carro e flagra uma criança nessa posição, o motorista deve perder a carta, talvez até guarda dos filhos, mas estávamos em 1984 e o mundo era outro, não se usava cinto de segurança nem protetor solar, as pessoas não andavam por aí com garrafinhas d’água, como se fosse o elixir da vida eterna, fazíamos cinzeiros de argila para os pais nas aulas de artes e o colesterol era apenas uma vaga ameaça de gente paranóica, como a CIA ou a KGB, dependendo da sua visão de mundo; de modo que eu seguia feliz, estrada acima, vendo as árvores passarem de cabeça para baixo, lá fora.
Foi a Maria, minha irmã mais nova, sentada próxima a janela da esquerda, quem deu o alarme: “Ó lá ela chupando o pinto dele!!!”. A Julia pisou na minha barriga, passou por cima de mim e também grudou a cara na janela, eu levantei correndo mas só cheguei a tempo de ver uns vultos dentro da Variante bege parada no acostamento. A Maria jurava ter visto direitinho: o cara pelado, uma mulher chupando-lhe o pinto. Nós três começamos a pular e gritar no banco de trás, como chipanzés amotinados. “Chupando o pinto!”, “Hahahaha!”, “Chupando o pinto dele!”, repetíamos, sem acreditar que havíamos passado tão próximos daquele evento inencaixável na ordem geral das coisas. A gritaria estancou de imediato quando meu pai, com a naturalidade de quem discute a situação com senhores de cinqüenta anos, perguntou: “o que é que tem?”.
Até aquele segundo, em minha vida, chupar pinto não tinha nenhuma relação com a sexualidade humana, o prazer, o afeto. A frase “chupa meu pinto!” pertencia ao terreno das ofensas, ao jargão do futebol, como “prensada é da defesa”, “gol só dentro da área”, e “vou te encher de porrada” – essa sim uma ameaça que poderia ser cumprida. Chupar o pinto era metafórico, como “cospe e sai nadando” ou “vai ver se eu estou na esquina” e jamais tinha passado por nossas cabeças (eu devia ter uns nove, a Julia oito e a Maria, sete) que alguém de fato fizesse aquilo -- e por que faria?!
“Não sei do que vocês tão rindo tanto”, continuou meu pai, sério. Eu só consegui gritar o óbvio, de pé no assento de trás, metendo o corpo entre os bancos da frente: “pai! Ela tava chupando o pinto dele!”. Meu pai abanou a cabeça. “Antonio, chupar pinto é uma coisa muito normal. E saudável. Todo casal faz isso” – ele disse, e acreditem: era só o começo. O pior, o que subverteu todo o arcabouço conceitual construído até meus nove anos, o que provavelmente faria com que fogos de artifícios fossem vistos nos dois hemisférios do meu cérebro, caso estivesse num desses aparelhos de ressonância magnética, o que, dada a intensidade, provavelmente fixou toda a história em minha cabeça, desde a posição em que me encontrava no banco da Brasília até a cor do céu, quando chegamos ao mirante, lá no alto, viria a seguir: “Normal, sim. A Juliana chupa meu pinto. A sua mãe chupa o pinto do marido dela. Sua avó chupa o pinto do seu avô. A tia Lurdes chupa o pinto do Augusto, a professora Carla chupa o pinto do Josué, ah!, os homens que namoram homens então, como o Pedrinho e o Ivan, chupam muito o pinto um do outro. Todo mundo que namora faz isso. E é muito gostoso. Não tem porque rir.”
Chegamos ao Pico do Jaraguá, descemos do carro e vimos o pôr do sol. Eu olhava a cidade lá longe e só conseguia pensar que por trás de cada janela, dentro de cada carro, debaixo de cada teto, atrás de cada porta havia pessoas que chupavam ou eram chupadas, meus pés pisavam sob um planeta onde dois bilhões e meio de seres humanos colocavam os pintos dos ouros dois bilhões e meio na boca. Talvez fosse o vento, ou a memória tenha inserido o áudio mais tarde sobre a imagem, mas o som que eu ainda ouço, lá no alto, é equivalente ao de um canudo do tamanho de um prédio puxando o último gole de um copo gigante de milk-shake: sssrrrrrrrlllllllllllluuuuuuuuurrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrp!
Na volta, ninguém falava nada. Entramos em casa correndo, com os olhos arregalados. Não tão arregalados quanto ficaram os de minha mãe, meu padrasto e mais uns dois casais de amigos, que tomavam vinho e comiam alguma coisa, quando desandamos a falar: “Mãe! Mãe! É verdade que você chupa o pinto dele?!”. “A vovó chupa o pinto do vovô?!”, “A minha avó também, pai?! A minha avó também chupa pinto?!!”, “Todo mundo?! Todo mundo chupa pinto?!”. “Mãe, mãe, quando eu crescer eu também vou ter que chupar pinto?!”. “Com que idade?! Com que idade começa a chupar pinto, pai?!”.
A última cena de que me lembro nesse dia é vista do alto da escada, de onde eu estava bisbilhotando, já de pijama. Havia taças vazias e pratos sujos na mesa, os casais tinham ido embora. “Mas será que você não entende? Eles são crianças!”, dizia minha mãe ao meu pai, pelo telefone, aparentando mais cansaço do que raiva na voz. Não lembro com que sonhei naquela noite.

Amy

Orfãos do Rodoanel

"Edicleide, 39, conheceu "Ceará", 48, em 2009, num forró. Ele, operário do trecho sul do Rodoanel. Ela, moradora do Jardim Represa, bairro de São Bernardo do Campo, vizinho à obra inaugurada em março de 2010. Namoraram, juntaram, ela engravidou, ele ficou com outra (que também engravidou), brigaram, ele sumiu. O filho foi registrado, mas nunca recebeu um centavo de pensão. O paradeiro de "Ceará" é desconhecido. Hoje, ela vive em uma casa de dois cômodos com o auxílio do Bolsa Família -pago pelo governo federal- e a pensão de outras duas filhas."
[Folha de São Paulo, 24/07/2011]

Como é cômodo para o Governo optar por Bolsa Família ao invés de fazer uma nova estrutura de educação nesse país...

Game Of Thrones

Gentle Sea Giant Says Thankyou To Rescuers 2011

Extraordinário!

Zodiacs

Clélia, a super-sincera (TV Pirata, 1988)

Helplessness Blues Music Video

The Iron Lady

Sets of Damages

Glenn Close speaks

Scissor Sisters

Os caras são bons hein...



Any Which Way

"Fazer" uma doença

Folha de São Paulo
31 de Março de 2011
Caderno Ilustrada

Por Contardo Calligaris

VÁRIOS LEITORES pediram que eu insistisse no mesmo tema da semana passada: por que a culpa é um de nossos jeitos preferidos para dar sentido ao mundo? Como é possível que, diante de uma desgraça, o fato de sentirmo-nos culpados constitua, para nós, uma espécie de conforto?

Todos conhecemos as expressões usuais pelas quais, por exemplo, Fulano ou Fulana podem eles mesmos admitir que "fizeram um câncer" -e não foi porque fumaram dois maços de cigarros por dia durante a vida inteira, nem porque, verão após verão, deitaram no sol para bronzear a pele, sem protetor algum. Nada disso: a expressão "fazer uma doença", em geral, indica outro tipo de responsabilidade. Mas vamos devagar.

Não é raro que a primeira reação de quem recebe um diagnóstico maligno consista em procurar uma intenção escusa da qual ele poderia ser a vítima. Envenenaram a água da cidade; o ar é repleto de resíduos daquela fábrica cuja chaminé solta fumaça a cada noite; há um dentista que tem consultório acima do meu, ninguém sabe quantos raios-x ele faz por dia, será que ele isolou sua sala do jeito certo ou será que a radiação chega até aqui?

Na mesma linha, Deus ou o diabo podem ser os mandantes de minha desgraça. Deus, porque ele quer colocar à prova minha fé, como ele já fez com Jó. O diabo, porque ele é príncipe aqui na terra e todo o mal vem dele.

Essas reações parecem ter o mesmo propósito dos delírios paranoicos: elas acusam um agente externo (Deus, o diabo ou os vizinhos) para que o mundo ganhe sentido, ou seja, no caso, para que o mal que se abate sobre a gente tenha uma explicação. "Adoeci porque alguém me quis mal": graças a essa crença, não sofro por acidente nem por acaso, mas sou vítima de uma vontade que me castiga ou me testa. O que se ganha com isso? Antes de responder, mais uma observação.

Em geral, quando temos intenções que preferimos esconder de nós mesmos, uma boa solução é atribui-las a outros. Portanto, não seria de todo estranho que a gente acusasse Deus e todo mundo por males que nós mesmos causamos.

Desse ponto de vista, reconhecer que nós somos os primeiros culpados de nossa desventura seria um progresso. Algo assim: até que, enfim, o cara se tocou, não foi Deus, não foi o demônio, nem a usina química no morro atrás da casa, foi ele mesmo que "fabricou" sua doença.

Geralmente, a explicação deste "fabricar sua doença" passa quer seja por uma poética do estouro (emoções contidas e silenciadas tiveram que se expressar e explodiram numa neoplasia), quer seja por uma poética da erosão (as mesmas emoções reprimidas foram atacando o corpo como a famosa gota que cava a pedra, não pela força, mas caindo repetidamente).

Tanto faz: o que me importa dizer é que entre acusar a Deus e todo mundo e acusar a nós mesmos não há progresso algum.

A posição de vítima (Deus, o diabo e os vizinhos me querem mal) e a posição de culpado (eu fabriquei minha doença porque meu inconsciente é meu verdadeiro inimigo), ambas são chamadas a "explicar" o mal que nos assola, porque, aparentemente, preferimos sofrer de um mal explicado a sofrer de um mal aleatório. Por que isso? Simples: tanto se eu for a vítima escolhida por Deus e pelo mundo quanto se eu for a vítima de mim mesmo, apesar de doente, eu me manterei nas luzes da ribalta.

Em suma, agimos e pensamos como se nosso sofrimento pudesse ser aliviado por uma compensação narcisista: a desventura é terrível, mas, ao menos, como vítima ou como culpado, sairei na foto. Não é uma consolação?

Talvez. Mas é uma consolação custosa, porque, nessa foto em que sou vítima ou culpado, a desventura é o que me define, o que me resume.

De fato, qualquer sofrimento seria um fardo mais leve se ele pudesse aparecer como quase sempre é: um mal sem sentido, que não faz parte de nenhum plano e não é fruto de nenhuma vontade escusa, nem da nossa.

Teste de boa saúde: estamos bem quando podemos ser atropelados sem ter que considerar que alguém tentou nos matar ou que nós mesmos nos jogamos nas rodas do caminhão, empurrados por impulsos inconfessáveis.

Um amigo querido morreu de um câncer que ele não fabricou e que não lhe foi imposto nem por Deus nem pelo diabo nem pelos vizinhos. Ele dizia: os males reais são suficientemente graves para que a gente não se esforce para lhes acrescentar mil sentidos imaginários.

---

A frase acima me fez dar uma freada nesse stress existencial, nessa desesperada busca por algum tipo de sentido, de justificativa ou qualquer coisa que o valha!

Minas Gerais

Mulheres





Thought for writers

#1
Make 'em laugh, make 'em cry, make 'um wait. Contradiction btn narrative drive & story suspense builds tension & explodes emotion

#2
The longer the narrative drive is suspended, the greater the tension. The greater the tension, the greater the emotion as the turning point turns.

#3
The key dimension of a complex character: Inner conflict of living in what is vs. denial of what is, truth vs. self- deception, reality vs. ir-reality.

By Robert Mckee

Cuba Libre

Voltamos a programação normal

The Future Of Graffiti

Gotan City

WHAT EVER HAPPENED TO BABY JANE?

FALA BETTE, O QUE ACONTECEU?

ARRETADA

E ai Lars?

Oração

Mural

Publicidade Japonesa

PÁRA TUDO

Ready for the floor

(sic)

virei a curva

cinema invisível:

puro risco


apaixonante,

petisco


máquina

fera

sentido

coletivo


tenso

gozo

arredio

paro não


caminho

Back To Before

Chasing Pavements

O ESTRANGEIRO


Eis o que disse o antropólogo:
"Naquele livro decidira descrever, com liberdade, tudo o que me vinha à cabeça diante do que via, minhas impressões imediatas, sem nenhuma auto-censura. Quando vi a Baía da Guanabara, fui invadido por uma sensação de decepção em face do que imaginara. Era uma coisa tão grande, os lugares importantes ficavam tão distantes uns dos outros que, na hora, me veio a imagem de uma boca sem dentes. Não vi porque esconder essa sensação".

London Burlesque Festival

Foto: Carl de Souza / AFP

Pop Goes The World

#52

No momento em que a sociedade descobre que depende da economia, a economia, de fato, depende da sociedade. Esse poder subterrâneo, que cresceu até parecer soberano, também perdeu sua força. No lugar em que havia o isso econômico, deve haver o eu. O sujeito só pode emergir da sociedade, isto é, da luta que existe nela mesma. Sua existência possível depende dos resultados da luta de classes que se revela como o produto e o produtor da fundação econômica da história.

Guy Debord
"A sociedade do espetáculo"

To Catch a Thief (1955)

Mildred Pierce (1945)

É DRAMA!
É A TIA AVÓ DE MARIA DE FÁTIMA!
É JOAN CRAWFORD!
É FILMÃO!!!


A vítima indigesta

Em livro, a austríaca Natascha Kampusch critica o maniqueísmo da sociedade e da imprensa – e de todos nós

ELIANE BRUM

Quase todos se lembram da austríaca que, em 23 de agosto de 2006, fugiu de seu sequestrador nos arredores de Viena. Natascha Kampusch terminava ali 3096 dias de um sequestro iniciado oito anos antes, em 2 de março de 1998. Naquele dia, sem se despedir da mãe depois de uma briga, ela caminhava até a escola quando foi agarrada e empurrada para dentro de uma caminhonete branca por Wolfgang Priklopil, engenheiro de telecomunicações, ex-funcionário da Siemens, jovem, educado, tímido e com enormes problemas com o mundo de fora. E, claro, com o de dentro.
Natascha viveu dos 10 aos 18 anos confinada no porão da casa de Priklopil. Depois dos primeiros tempos, ela alterou o porão com trabalhos duros na parte superior da casa que ajudava a reformar e a limpar. Sempre seminua e na maior parte do tempo com os cabelos raspados para não deixar vestígios. Nos últimos anos apanhava violentamente quase todos os dias e mal conseguia sustentar um corpo coberto por hematomas, cortes e lesões. A submissão era garantida ainda com a baixa ingestão de calorias e às vezes a suspensão total de comida por até dias. Aos 16 anos, Natascha media 1m75 e pesava 38 quilos.
Em 23 de agosto de 2006, Priklopil estava no bem protegido jardim da casa com Natascha, que aspirava os bancos da caminhonete, quando o celular dele tocou. Quando Priklopil precisou se afastar para atender à ligação por causa do barulho do aspirador, ela fez um enorme esforço para vencer a prisão psicológica que depois de tantos anos a paralisava mais do que os muros e escapou pelo portão. Desta vez, Natascha correu. Mais tarde, Priklopil se jogaria diante de um trem.
Este é o resumo da história. E era tudo o que eu sabia até agora porque quando começo a acompanhar esse tipo de caso no noticiário é sempre tão previsível que perco o interesse no segundo dia de cobertura. Há um monstro, louco e muito diferente de todas as pessoas boas e normais que habitam qualquer mundo, seja a Áustria ou aqui. E há uma vítima, frágil e confusa, que merece e precisa de toda a nossa pena. E há o resto de nós, que enquanto emite ahs e ohs diante da tela da TV, se regozija secretamente de que ainda bem que isso só acontece com os outros, que não há monstros morando dentro de nós nem vítimas habitando nossas almas. As tragédias cumprem seu papel de nos assegurar de nossa normalidade – assim como de nossa superioridade. E também por isso fazem um sucesso midiático tremendo.
Qual é a diferença aqui? A diferença é Natascha Kampusch. Para surpresa de seus conterrâneos e do mundo inteiro que disputava sua história (às vezes inventando detalhes sórdidos por achar que os verdadeiros ainda eram poucos), Natascha recusou-se a ocupar o lugar reservado a ela no espetáculo – o de vítima eterna.
Sim, ela dizia, eu fui uma vítima, mas isso não é tudo o que eu sou. Sim, Wolfgang Priklopil é um sequestrador e um criminoso, mas não é um monstro. “A simpatia oferecida à vítima é enganadora”, escreveria ela mais tarde. “As pessoas amam a vítima apenas quando se sentem superiores a ela”.
Natascha lutou para que não fizessem dela um produto de consumo em um show freak. Obviamente, perdeu logo a simpatia do público, que em muitos casos se transformou em ódio e ameaças pela internet. Chegou a ser acusada de cumplicidade e de ganhar dinheiro com a tragédia. Como assim, aquela menina loira e de olhos azuis, que deveria agradecer comovida a todas as manifestações de bondade vindas de todos os cantos de seu país e do mundo, ousava destruir a fábula moderna da cobertura midiática?
Pois ela ousou. E é por isso que seu livro 3096 dias – A impressionante história da garota que ficou em cativeiro durante oito anos, em um dos sequestros mais longos de que se tem notícia(Verus Editora) merece ser lido. Nas 225 páginas, Natascha Kampusch apropria-se de sua história e acerta suas contas – especialmente consigo mesma. Ao escrever a versão do que só ela viveu para contar, já que o outro protagonista está morto, eliminou qualquer possibilidade de transformarem sua vida num conto de fadas que, derrotada a fera, já teria o final feliz assegurado. Natascha Kampusch escolheu a vida, com todas as suas contradições, e não um pastiche dela – isto, quem desejava era o sequestrador.
Natascha, que leu muito no cativeiro, se expressa bem. Não é apenas a ajuda que teve para escrever o livro que garante a densidade da narrativa, mas sua capacidade de refletir e analisar o vivido torna-se bem clara também nas entrevistas que dá à imprensa. Escolhi alguns trechos do livro para que nos ajudem a entender o que Natascha nos diz. E é importante o que ela nos diz para entendermos a nós mesmos – e o nosso papel nas tragédias que se sucedem no noticiário e na vida.
Natascha Kampusch começa sua narrativa escapando do mito da infância feliz. Ela não era uma alegre e saltitante Chapeuzinho Vermelho engolida por um lobo malvado quando estava a caminho da casa da avó para mais um dia perfeito. Era uma menina que tinha dúvidas sobre o amor dos pais (como a maioria de nós, aliás), que fazia xixi na cama apesar de já ter 10 anos e sentia-se desconfortável com o próprio corpo gorducho. No dia do sequestro ela tinha conquistado a liberdade de ir sozinha à escola pela primeira vez, um trajeto de cinco minutos. Estava apavorada com a nova aventura, o que pode ter sido pressentido por Priklopil, um homem que conhecia muito bem o sentimento do medo em sua própria pele e se sentia totalmente deslocado no mundo exterior.
“Hoje acredito que, ao cometer um crime terrível, Wolfgang Priklopil queria apenas criar seu próprio mundinho perfeito, com uma pessoa que estivesse ali só para ele. Provavelmente ele nunca teria podido fazer isso do jeito normal e decidira, assim, forçar e modelar alguém para isso. Em essência, ele não queria nada mais do que as outras pessoas: amor, aprovação, calor. Queria alguém para quem ele fosse a pessoa mais importante do mundo. Ele parecia não ter visto outro modo de conseguir isso senão sequestrando uma menina tímida de 10 anos e a afastando do mundo exterior, até que ela estivesse tão psicologicamente alheia que ele pudesse ‘recriá-la’. (...)
Ele precisava daquele crime insano para concretizar sua visão de um mundo perfeito e intacto. Mas, no fim, realmente queria apenas duas coisas de mim: aprovação e afeto. Como se o objetivo por trás de toda aquela crueldade fosse forçar uma pessoa a amá-lo incondicionalmente.”
As torturas se intensificaram justamente quando Priklopil percebeu que, apesar de tirar-lhe o espelho para que não tivesse nenhuma imagem de si, batizá-la com um novo nome e proibi-la de pronunciar o antigo, ele não conseguia dobrar Natascha. E a vida idílica que esperava ter com sua mulherzinha/escrava dentro de casa, longe dos olhos do mundo, era impossível. Era impossível especialmente para ele, que se tornava cada vez mais temeroso do mundo lá fora. E mais desesperado com o de dentro, onde a menina crescia e se tornava mulher, algo com que ele nunca tinha lidado muito bem.
“Se eu tivesse apenas o odiado, esse ódio teria me consumido e me tirado a força de que eu precisava para sobreviver. Como naquele momento pude captar um lampejo do ser humano pequeno, desorientado e fraco por trás da máscara do sequestrador, pude me aproximar dele. Então, olhei em seus olhos e disse:
– Eu perdoo você, porque todo mundo erra às vezes.
Foi um passo que pode parecer estranho e doentio para muitas pessoas. Afinal de contas, o ‘erro’ dele custara minha liberdade. Mas era a única coisa a fazer. Eu tinha de conseguir conviver com aquele homem, caso contrário não sobreviveria.”
Em vários momentos do livro, Natascha mostra como o perdão tornou-se um instrumento poderoso nessa relação delicadíssima, em que o sequestrador tinha literalmente a vida dela nas mãos. Perdoar a tornava potente – e não apenas passiva. Alterava o equilíbrio de forças entre os dois. Ela passou oito anos e meio recusando-se a chamá-lo de “mestre” e a ajoelhar-se diante dele, mesmo que fosse espancada por isso.
O confronto de Natascha com o mundo de fora é revelador menos da vítima e do sequestrador – mais da sociedade, de nós. Imagine a cena. Ela corre para longe do seu sequestrador, depois de mais de oito anos de cativeiro. Diz às primeiras três pessoas que encontra, uma criança e dois homens adultos: “Vocês têm de me ajudar! Preciso de um celular para chamar a polícia! Por favor!”. A resposta foi: “Não podemos. Não trouxe meu celular”. Pense bem no que você faria diante da situação, antes de acusar a monstruosidade dessa resposta.
Em seguida ela atravessa vários jardins, salta cercas e vê uma mulher na janela da casa. Ela bate na janela e diz: “Por favor, me ajude! Chame a polícia! Fui sequestrada. Chame a polícia!” A mulher reage dizendo: “O que você está fazendo no meu jardim? O que você quer?”. Ela dá seu nome completo, explica que foi seqüestrada e que ela precisa chamar a polícia. A mulher retruca: “Por que você veio justo até a minha casa?” Então hesita: “Espere na cerca viva. E não pise no gramado!”. Antes de julgar a mulher da janela – e acho que devemos julgar, sim – vale a pena nos perguntarmos o que faríamos nessa situação.
Mais tarde, os próprios policiais tratariam Natascha com desprezo por ela não ter permitido que seguissem se comportando como seus salvadores. Pelo contrário. Ficaria provado, num escândalo posterior, que seu caso foi uma combinação de desleixo com incompetência. Que havia uma pista sólida sobre o sequestrador e a localização do cativeiro e que esta pista nunca foi investigada. Os documentos que atestavam o descaso desapareceram e só mais tarde a fraude foi desmascarada.
Enquanto isso, Natascha foi atormentada por interrogatórios infindáveis com o objetivo de obrigá-la a afirmar que estava sendo chantageada por cúmplices, que fora sequestrada por uma quadrilha – enfim, que a força policial não havia sido vencida por seus próprios erros e por um homenzinho tímido e frágil que esteve o tempo todo ali, a apenas alguns quilômetros da casa da vítima.
“As autoridades começaram a me tratar diferente com o passar do tempo. Fiquei com a impressão de que, de certo modo, eles se ressentiam do fato de que eu me libertara sozinha. Nesse caso, eles não eram os salvadores, mas aqueles que haviam falhado durante anos”.
Quando Natascha se recusou a representar o papel de vítima passiva do “monstro sexual”, foi odiada e ridicularizada. Os mais bonzinhos, com seus diplomas na parede e sua condescendência profissional, trataram de carimbar o diagnóstico definitivo na sua testa. A patologia de sempre: “Síndrome de Estocolmo”. Mas deixemos que Natascha fale, porque ela se defende com muita propriedade também dos bem intencionados.
“As coisas não são totalmente pretas ou brancas. E ninguém é totalmente bom ou mau. Isso também vale para o sequestrador. Essas são palavras que as pessoas não gostam de ouvir de uma vítima de sequestro. Porque os conceitos de bem e mau já estão claramente definidos, conceitos que as pessoas querem aceitar para não perder o rumo em um mundo cheio de tons de cinza.
Quando falo sobre isso, posso ver a confusão e o repúdio no rosto de muitas pessoas que não estavam lá. A empatia que sentem pela minha história se congela e se transforma em negação. Pessoas que não têm ideia da complexidade do cativeiro me negam a capacidade de julgar minhas próprias experiências ao pronunciar três palavras: ‘Síndrome de Estocolmo’.
Síndrome de Estocolmo é um termo usado para descrever um fenômeno psicológico em que os reféns manifestam sentimentos positivos em relação aos sequestradores. Esses sentimentos fazem com que as vítimas simpatizem ou mesmo colaborem com os criminosos – isto é o que dizem os compêndios. Um diagnóstico classificatório que rejeito enfaticamente. Por mais simpático que pareça ser o uso do termo, seu efeito é terrível, pois transforma as vítimas em vítimas novamente, ao tirar delas a capacidade de interpretar a própria história e ao transformar as experiências mais significativas em produto de uma síndrome. (o grifo é meu)
O termo aproxima de algo censurável o próprio comportamento que contribui significativamente para a sobrevivência da vítima. Aproximar-se do sequestrador não é uma doença. Criar um casulo de normalidade no âmbito de um crime não é uma síndrome. É justamente o oposto. É uma estratégia de sobrevivência em uma situação sem saída – e é muito mais verdadeiro que a ampla categorização dos criminosos como bestas sanguinolentas e das vítimas como cordeiros indefesos, na qual a sociedade quer se basear”.
Dá para entender por que, passado o clamor inicial, Natascha Kampusch tornou-se uma vítima indigesta.
Chegaram a sugerir a Natascha que trocasse de nome para não ser assinalada pelo que viveu. Como se isso fosse possível. E, caso fosse possível, como se anular seu passado não anulasse com ele uma parte essencial de si mesma. “Que tipo de vida seria essa, especialmente para alguém como eu, que durante os anos de cativeiro lutara para não perder a identidade?”, questiona.
Com surpreendente maturidade, Natascha entendeu que só tem uma vida aqueles que aceitam as suas marcas como parte do vivido, mas não como tudo o que são. E assim, ela não se fixou nas marcas nem se deixou paralisar pelo lugar de vítima eterna. Natascha Kampusch seguiu com seu corpo e sua vida marcada em direção ao futuro, pronta para ser tatuada por novas experiências. Como é, afinal, a vida de todos nós.
Natascha Kampusch não era Chapeuzinho Vermelho e, se Wolfgang Priklopil era um lobo, era um bem patético. Ela não teve a chance de ouvir os contos de fadas muitas e muitas vezes na hora de dormir para ter certeza de que o horror não aconteceria com ela, como se passa nas noites das crianças sortudas. Natascha foi arrancada da infância para ser a escrava de um adulto perturbado e talvez tão assustado quanto ela. E o horror continuava lá quando acordava presa em um porão escuro.
Aos 22 anos, Natascha precisou transformar o vivido em história contada. Para ser capaz de libertar-se e seguir adiante, porém, era fundamental ser fiel à complexidade da vida e às nuances dos personagens. Queriam dela mais um remake estereotipado do que costuma ser contado e recontado em tragédias espetaculosas. Ela respondeu com uma narrativa que nos implica a todos. É por ter se negado a dar respostas fáceis ao mundo que a assistia que não a perdoam. Mas esta é a história que a Natascha adulta pode contar a si mesma tantas vezes quanto forem necessárias e acordar no dia seguinte sabendo quem é.
Seu livro é uma boa leitura para todos, possivelmente essencial para policiais, advogados, promotores e juízes, para assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras e psicanalistas – e, sim, para jornalistas. Se eu fosse professora de alguma faculdade de jornalismo consideraria bibliografia obrigatória. O testemunho de Natascha pode nos ajudar a cometer menos atrocidades nas coberturas das tragédias que se sucedem no noticiário.
Sobre sua relação com a imprensa, Natascha escreve o seguinte:
“Eu nunca abriria mão da minha identidade. E me apresentei diante das câmeras com meu nome completo e sem disfarces, e ofereci um vislumbre do tempo do cativeiro. Mas, apesar da minha franqueza, os meios de comunicação não me deixavam em paz. Eram dezenas de manchetes, e especulações cada vez mais absurdas dominavam o noticiário. Parecia que a verdade terrível não era terrível o bastante, então eles acrescentavam coisas muito além do suportável, negando, com isso, minha autoridade como intérprete do que eu vivera. (...)
Fui percebendo que caíra em outra prisão. Centímetro a centímetro, as paredes que substituíram o cativeiro se tornaram visíveis. Eram mais sutis, construídas com o interesse público excessivo, que julgava cada movimento meu. Assim, coisas simples como pegar o metrô ou ir ao shopping em paz se tornaram impossíveis para mim. Acreditei que, ao satisfazer a curiosidade da mídia, seria capaz de retomar minha própria história. Só depois descobri que uma tentativa como essa nunca teria êxito. Nesse mundo que buscava por mim, a questão não era eu. Eu me tornara conhecida por causa de um crime terrível. O sequestrador estava morto – não havia um caso Priklopil. Eu era o caso: o caso Natascha Kampusch.”
Ela vai mais além. Vai até o fim.
“Depois da fuga, fiquei surpresa – não pelo fato de que eu, como vítima, fosse capaz de fazer essa diferenciação, mas de que a sociedade na qual entrara após meu cativeiro não permitisse a menor nuance. Como se eu não pudesse refletir de maneira alguma sobre a pessoa que fora a única em minha vida durante oito anos e meio. Não posso nem aludir ao fato de que preciso desse recurso para tentar superar o que aconteceu sem despertar incompreensão.
Ao mesmo tempo, percebi que, em certa medida, também idealizei a sociedade. Vivemos em um mundo em que as mulheres apanham e são incapazes de abandonar o homem que bate nelas, embora, em tese, a porta esteja aberta. Uma em cada quatro mulheres é vítima de violência extrema. Uma em cada duas mulheres sofre assédio sexual durante a vida. Esses crimes estão em toda parte e podem ocorrer atrás de qualquer porta do país, em qualquer dia, e talvez só provoquem um dar de ombros ou uma indignação superficial.
Nossa sociedade precisa de criminosos como Wolfgang Priklopil para dar um rosto ao mal e afastá-lo dela mesma. É preciso ver imagens desses porões para que não se vejam os muitos lares em que a violência ergue sua face burguesa e conformista. A sociedade usa as vítimas desses casos sensacionalistas, como o meu, para se despir da responsabilidade pelas muitas vítimas sem nome dos crimes praticados diariamente, vítimas que não recebem ajuda – mesmo quando pedem.
Crimes assim, como o que foi cometido contra mim, formam a estrutura austera, em branco e preto, das categorias de Bom e Mau nas quais a sociedade se baseia. O criminoso deve ser um monstro, para que possamos nos ver no lado dos bons. O crime deve ser acrescido de fantasias sadomasoquistas e orgias selvagens, até que seja tão extremo que não tenha mais nada a ver com nossa própria vida.
E a vítima deve ficar destruída e permanecer assim, para que a externalização do mal seja possível. A vítima que se recusa a assumir esse papel contradiz a visão simplista da sociedade. Ninguém quer ver isso, porque, caso contrário, as pessoas teriam de olhar para dentro de si mesmas”.
A história que Natascha Kampusch escolheu contar foge de todas as simplificações. E por isso ela pagou – e vem pagando – um preço alto. Me pergunto de onde essa garota presa e torturada por um homem solitário e instável durante mais de oito anos conseguiu forças e lucidez para continuar brigando pela integridade do que é. Não mais agora contra Wolfgang Priklopil, mas contra todos nós que queremos reduzi-la às necessidades de nosso voraz apetite por vítimas. Ao nosso desespero por uma normalidade que só existe em nossas fantasias, à categorização simplista do bem e do mal – onde todos estamos, claro, sempre no lado do bem.
Suponho que, logo após a fuga, Natascha Kampusch tenha percebido que não podia se deixar sequestrar novamente – agora não mais pelo criminoso de um só rosto, mas pela sociedade que tentava aprisioná-la em rótulos fáceis, convenientes para todos menos para ela. Assumiu o preço sempre custoso da liberdade e vem tentando ditar suas próprias regras. Algo como: “Ah, vocês esperavam ser salvos? Desculpa, mas não à custa da minha vida”.
Este livro é um manifesto de afirmação de sua identidade. Com toda a inteireza de sua experiência. À Natascha Kampusch, meu máximo respeito. Espero que ela continue nos mandando passear e siga com a sua vida.

ordem do dia

na trivialidade
vicejar

Cama

peguei um grão
de trigo
com ele fiz um pão
assim no meu casulo
alimentei-me
achando que era você
comigo

Trust, de Hal Hartley

You know, I˙m looking at this guy, right? And I looked at him a lot before. So now I know that I˙ve got this little piece of him actually in me. Physically in me. And it makes me feel completely different. I don˙t know, special or something. And so I˙m talking to him. I˙m talking to him and I realize… I˙m talking to him and I realize that he doesn˙t even see me. And I wonder what it was he was seeing when he did this. I go over it in my head and I know now what he˙s seeing. It˙s really simple. He˙s seeing my legs. He˙s seeing my breasts. My mounth. My ass. He˙s seeing my cunt. How could I have been so stupid? That˙s really all there is to see, isn˙t it?

Personagem: Maria


Trem

inconstante mania de duvidar
cegueira burra
mania louca
selvageria

Esquisito

ao meio dia cão
a uma, gato
meia noite, homem pardo

Cortejo pra mim

nem tão são, nem tão sem
do que se perde
engrandece
da dor que foi
do dia que fica
quando sente
passou

o que existe
goteja
não suor,
nem chuva
é o tempo

no tempo eu sou

POHÃN

Hamlet e o versossímil

No trecho abaixo, Hamlet lança sua filosofia sobre a representação - o papel do ator - para um dos atores que irá representar um papel na peça para o Rei da Dinamarca. O que ele pensa é basicamente o que sinto ser um dos conceitos fundamentais do realismo e, consequentemente, da verossimilhança. Eu aprecio esse conceito - verossímil - sinto-o mais potente que o realismo ou, acredito, os dois conceitos se aglutinam. Creio nessa última afirmação, de fato. É difícil falar desses conceitos porque se permite muitas interpretações, mas a verossimilhança é a verdade acerca da própria natureza de determinada criatura. Não quero relativizar com palavras o que seja essa verdade, pois o meu olhar me diz, quando vejo uma cena, se o que se mostra é de fato crível. Se o corpo, se a voz, o texto e a relação estão todas em arranjo. Seu discurso é a síntese profética do próprio papel da arte.

HAMLET
Mas também nada de contenção exagerada; teu discernimento deve te orientar. Ajusta o gesto à palavra, a palavra ao gesto, com cuidado de não perder a simplicidade natural. Pois tudo que é forçado deturpa o intuito da representação, cuja finalidade, em sua origem e agora, era, e é, exibir um espelho à natureza; mostrar à virtude sua própria expressão; ao ridículo sua própria imagem e a cada época e geração sua forma e efígie. Ora, se isso é exagerado, ou então mal concluído, por mais que faça rir ao ignorante só pode causar tédio ao exigente; cuja opinião deve pesar mais no teu conceito do que uma platéia inteira de patetas. Ah, eu tenho visto atores - e elogiados até e muito elogiados! - que, pra não usar termos profanos, eu diria que não tem nem voz nem jeito de cristãos, ou de pagãos - sequer de homens! Berram, ou gaguejam de tal forma, que eu fico pensando se não foram feitos - e malfeitos! - por algum aprendiz da natureza, tão abominável é a maneira com que imitam a humanidade!

Tammy on the RuPaul Show

Classical Chicken

Sinnerman

É hoje!

Orgulho de estar envolvido nesse projeto!!!

Um novo jeito de fazer comédia!

Billy Idol

É clássico!

Weeds!

A Cena!

Paris, Je T'Aime Cortometraje Loin Du 16e HD Sub

Ao Vivo Lá Em Casa

Poetry

IKIRU

"dream is reality"


Tadashi Endo,
coreógrafo e bailarino japonês, em seu espetáculo solo IKIRU (VIDA)

Dita Von Teese



Norbert Elias

"(...) ao contrário do que se imagina, quando se exibe mais o corpo, sobretudo o feminino, exige-se mais -e não menos- autocontrole. Porque se requer do espectador que não ataque aquele corpo desejado."
Tura Satana obituary
Actor best known for her role as a go-go dancer in Faster, Pussycat! Kill! Kill!


Tura Satana em "Faster, Pussycat! Kill! Kill!"
Filme de Russ Meyer, 1965

The actor Tura Satana, who has died aged 72, lived a life as eventful as the plots of the lurid B-movies that made her a star. Almost 6ft tall and trained in martial arts, she specialised in a kind of tough charisma that has rarely been matched on screen.

She was best known for her role in the Russ Meyer sexploitation movie Faster, Pussycat! Kill! Kill! (1965, tagline: "Superwomen! Belted, buckled and booted!"). As Varla, the leather-clad leader of a gang of thrill-seeking go-go dancers, Satana was given an opportunity by Meyer to perform her own stunts and choreograph fight scenes, as well as to adlib dialogue. She responded by channelling a kind of controlled rage, stating in an interview: "I took a lot of my anger that had been stored inside for many years and let it loose." Made for $45,000, the film became a cult classic, inspiring directors including John Waters and Quentin Tarantino.

Satana was born Tura Yamaguchi in Hokkaido, Japan, where her part-Filipino father acted in silent films and her mother was a circus performer of mixed Native American and Scottish heritage. The family moved to the US in 1942, but Tura and her father were interned for two and half years in the Manzanar relocation centre for Japanese-Americans in California.

The family were eventually reunited and settled in Chicago. At a time when anti-Japanese feeling was still prevalent, the young Tura suffered constant bullying at school. One evening, just before her 10th birthday, she was sent out by her mother to buy some bread. On the way home she was raped by a gang of teenagers. The five youths were never prosecuted, although in interviews she claimed that over the course of the next 15 years, she tracked down each of her assailants and exacted an unspecified revenge.

Her father responded to the attack by teaching her the martial arts akido and karate. Tura was soon afterwards sent to reform school as a result of her frequent delinquency. When she was 13, her parents arranged for her to marry a 17-year-old family friend, John Satana. The marriage lasted nine months, by which time Tura was appearing in Illinois nightclubs as a burlesque dancer and a nude model – her act combined martial-arts displays with the usual tassle-twirling.

Moving to Los Angeles, Satana dated Elvis Presley and Frank Sinatra before being spotted performing at the Follies theatre and offered a role in the television series Hawaiian Eye. Her martial arts skills led to bit parts in shows such as The Man From U.N.C.L.E. and she appeared in Billy Wilder's Irma La Douce (1963) and alongside Dean Martin in Who's Been Sleeping in My Bed? (1963). In the former she played a prostitute and the latter, a stripper.

It took the softcore king Meyer to fully recognise Satana's potential, even if he did not exactly cast her against type. After Faster, Pussycat! Kill! Kill!, she appeared in two more films, The Astro-Zombies (1968) and The Doll Squad (1973), before she was hospitalised after being shot in the stomach by an ex-boyfriend.

She had abandoned her burlesque career when changes in California licensing laws led many club owners to require dancers to perform topless. Satana gave up acting to become a nurse and, later, a police radio operator. In 1981 she married a former policeman, Endel Jurman. Soon afterwards, she was injured in a serious car accident.

For much of her later life, she worked in hotel security in Reno, Nevada. She was a canny businesswoman, trademarking her image, which appeared as an action figure, a Halloween mask and on T-shirts. She was also a good-natured regular at cult film conventions and, despite having a pacemaker fitted in 2003, seemed as tough as ever. Indeed, in one interview she recounted what had happened when an over-enthusiastic fan hid in her hotel room after a signing: "He went flying across the room and wound up with a broken arm, busted nose and badly twisted leg. The house detective carried him out."

Jurman died in 2000. Satana is survived by her daughters, Kalani and Jade, and her sisters, Pamela and Kim.

• Tura Satana, dancer and actor, born 10 July 1938; died 4 February 2011

Alexander McQueen

Entrevista com Patti Smith

link para a entrevista: Milênio (Globo News)

Nazaré Tedessssssco

Nave Maria, Tom Zé

Dudu, bidu, bidu, bidu, bi
mama água

Dudu, bidu, bidu,
papá, dá, dá-á

Quando eu cheguei das estrelas
entrei na terra
por uma caverna
chamada Nascer

E eu era uma nave
uma ave
da ave-maria
e como uma fera
que berra
entrei
na atmosfera

E cuspido, espremido,
petisco de visgo,
forçando a passagem
pela barreira,
sangrando, rasgando,
subindo a ladeira,
orgasmo invertido,
gritei quando vi:
já estava respirando.



Animação: Bottle

Bottle from Kirsten Lepore on Vimeo.

padrão
patrão
profissão
cansei
agora o que:
perdição

Florence + The Machine - Cosmic Love

Florence + The Machine - Dog Days Are Over

ensurdecedor de bom!
é do caralho mesmo, vontade de baixar na avenida paulista cantando essa música aos gritos!

Umbra

maravilhoso!

O GRITO

"E sem dúvida o nosso tempo... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser... Ele considera que a ilusão é sagrada, e a verdade é profana. E mais: a seus olhos o sagrado aumenta à medida que a verdade decresce e a ilusão cresce, a tal ponto que, para ele, o cúmulo da ilusão fica sendo o cúmulo do sagrado."

Feuerbach (Prefácio da segunda edição de A essência do cristianismo), citado por Guy Debord em A Sociedade do Espetáculo.

E qual foi minha reação ao ler isso?...
Tive que fazer o Munch, porque NÃO É FÁCIL!

Trata-se exatamente daquilo que Jürgen Habermas diz sobre as “(...) diversas formas de reificação, segundo as quais os sujeitos são tomados entre si como simples meios para a persecução de fins egoístas”.

E o que é reificação?

Reificação:
(re:i.fi.ca.ção) [e-i]
sf.
1. Fil. Processo em que uma realidade humana ou social perde ou parece perder seu dinamismo e passa a apresentar a fixidez de um ser inorgânico, com perda de autonomia e, no caso do homem, de autoconsciência; COISIFICAÇÃO [O conceito foi desenvolvido pelo filófoso George Lucács (1885-1971), tendo em mira uma crítica aos mecanismos do sistema capitalista]
[Pl.: -ções]
[F.: reificar + -ção. Cf.: alienação.]

Cansei por hoje, high society!

Night By Night

Chants of India


The Iron Lady

Meryl Streep é Margaret Thatcher