I like trees

O MORDOMO E A RAINHA DO LAQUÊ

Ta aí um caso que perambulou pelos rincões da minha mente o dia todo:

Como em um começo de folhetim em que a vida doméstica invade a vida pública, o El País anuncia:

Durante quase um ano (...) um dos mordomos de Lilliane Bettencourt, a mulher mais rica da França, serviu o chá e tirou a mesa com um pequeno gravador escondido no forro do paletó e registrou muitas horas de conversas privadas. Não são quaisquer conversas, e agora ameaçam desestabilizar o governo de Nicolas Sarkozy, dadas as suculentas revelações que contêm.

Liliane Bettencourt

O principal teor desses segredos é a condição fiscal da empresária, que envolve membros do alto escalão do Governo francês. Mas não pára por ai, por trás das revelações fiscais há toda uma relação familiar fragmentada, que envolve disputa entre mãe e filha. Pra começo de conversa, de acordo com o jornal britânico Telegraph, o mordomo entregou as fitas para a filha de Lilliane, Francoise Bettencourt-Meyers, que, por fim, entregou tudo a polícia. O mordomo ainda prestou uma declaração ao jornal:
I felt threatened, I wanted to protect myself," he told Le Point magazine. "When I heard them I could see where things were heading. I did my duty to the family.

Dentre os trechos mais interessantes das gravações, podemos destacar as recomendações que o administrador da fortuna de Sra. Bettencourt, Patrick de Maistre, concedia à empresaria:
"Temos que acertar as coisas com suas contas na Suíça. Precisamos que não nos peguem antes do Natal". Na verdade, essa pressa toda se justifica pelo fato de que Maistre sabia que no dia 1 de janeiro de 2010 entraria em vigor um acordo fiscal que a França fez com a Suiça, em que este país permitiria ao governo francês levantar o sigilo bancário de seus contribuintes, em caso de fraude. Ainda depois de balizar o risco que esse acordo poderia trazer ao dinheiro escondido de Sra Bettencourt, Patrick disse:
"Estou me ocupando disso e abrindo uma conta em Cingapura. Porque, em Cingapura, não podem pedir nada". Revela também seus próximos passos:
"Temos que fechar esta conta na Suíça (...) Estou organizando para enviá-la para outro país, que será Hong Kong, Cingapura ou Uruguai (...) Assim ficará tranquilo". A vovó L’Oréal seria, segundo alguns jornais franceses, dona de uma Ilha nas Seychelles, que também não foi declarada à Receita Federal.

Além disso, não faz muito, a filha da empresaria, Francoise, entrou com uma ação na justiça alegando que a mãe não tem condições mentais de gerir seu patrimônio, pois a mesma presenteia com quantias exorbitantes seus amigos mais queridos. Caso do fotógrafo francês Jean-Marie Bannier, que ganhou o equivalente a 1 bilhão de euros em obras de arte. O julgamento da causa contra Bettencourt será no dia 1 de julho. Há suspeitas de que a filha esteja por trás dessas gravações feitas pelo mordomo, como observa o El Pais: “O advogado da idosa já acusou o advogado da filha de estar por trás de tudo”. Fato é que todos acabaram se aproveitando da Rainha do Laquê, inclusive o administrador de sua fortuna, Patrick, como destaca o Telegraph: Mr Banier is not the only one seeking gifts. Mr de Maistre is heard trying to persuade her to get him cash from Switzerland so he can buy the "yacht of my dreams".

Realidade a parte…

1) Que tipo de ironia se passava na cabeça do mordomo ao servir o chá pra Madame? Pois ele sabia exatamente o que estava sendo dito e sabia o que poderia ser provocado se caso tudo aquilo viesse à tona. Um empregado com esse poder nas mãos permite muitas reações.
2) Até que ponto Francoise estava envolvida em todo esse futrico? Será que foi ela quem pediu ao mordomo que fizesse isso para poder ter algo contra a mãe? Todo mundo sabe que ela estava enlouquecida com o esbanjo da velhinha desequilibrada.
3) Que tipo de envolvimento tem a empresária com o Jean-Marie Bannier pra dar tanto presente assim?
4) Será mesmo que ela já está mascando o raciocínio ou a filha quer tomar tudo pra si?
5) Como será, em riqueza de detalhe, a personalidade da mãe, da filha, do mordomo, do fotógrafo e do administrador? Só resta imaginar...

Mas que papelão né dona Lili...?!?

Blitzen Trapper: Furr

TRAILER: "Moon"

O ABSCESSO MALIGNO DA BP

Já estou pelas tabelas com esse assunto...

Há dois dias o jornal britânico The Guardian publicou em seu portal na internet uma matéria revelando que a demente empresa petrolífera BP mentiu ao Congresso americano sobre o tamanho do vazamento de petróleo no Golfo do México. A British Petroleum tentou diminuir a sua porca e infrutífera responsabilidade sobre o tamanho do desastre, já considerado o maior acidente (oi?) ambiental da história dos EUA. Por dia, são lançados ao mar aproximadamente 100 mil barris de petróleo e o vazamento ainda não foi contido. Na reportagem se destaca um trecho sobre o documento que a BP entregou ao congresso:

The document was circulated by Ed Markey, the Democratic head of the House sub-committee on energy and the environment. In a statement, he said: "This document raises very troubling questions about what BP knew and when they knew it. It is clear that, from the beginning, BP has not been straightforward with the government or the American people about the true size of this spill."

Desde a ruptura da plataforma os preços das ações da BP despencaram. Há rumores de que a empresa não aguentará arcar com todo o prejuízo que pode ultrapassar os mais de 20 bilhões de dólares.

Olha, eu não quero saber, só sei que não sou obrigado a ver esse tipo de coisa:





A maior parte da região afetada fica na Louisiana, lugar conhecido por uma vegetação pantanosa deslumbrante e, claro, pelo fantástico cenário de TRUE BLOOD!


Segundo cientistas, grandes faixas de petróleo não se integram à maré negra que cobre a superfície de parte do Golfo do México e se mantêm circulando no fundo do mar, uma situação que pode ser devastadora para o ecossistema submarino da região.

ARRUMEM ESSA BAGUNÇA JÁ!

:: Fantasy ::

BBC estréia "Rev."

No final desse mês a BBC estréia a série intitulada "Rev.". A trama conta a história e as dificuldades do Pastor Adam Smallbone. Uma paróquia decadente, uma esposa em constante conflito com a profissão do marido e um universo cercado por personagens baseados em pessoas reais que entram a todo instante dentro da igreja em busca de alguma resposta, alguma palavra de salvação. O primeiro episódio vai ao ar no dia 28 de junho, a primeira temporada tem um total de 6 episódios.

O FIM DE DAMAGES

You're special, Ellen... but that'll only make the fall harder. Once Patty meets you, there's no turning back. And she'll own you.

You step in the ring with that woman, She will cut your balls off and jam them down your throat.

People either leave you or they die. Those are the only two endings possible with you.

Todas as frases acima são direcionadas à protagonista de DAMAGES, Patty Hewes. A última, em especial, é dita por Michael, seu único filho, não por acaso, a sentença mais forte. Quem conhece bem as vísceras de Damages sabe do que Patty é capaz, ou melhor, pode até achar que sabe, mas nunca estará totalmente seguro. Pois bem, a série acabou, foi cancelada e há uma remota possibilidade de voltar com uma quarta temporada. Em particular, não creio muito nessa hipótese. Damages fica como uma daquelas histórias únicas, pois vai além daquilo que prometia ser. Uma trama brilhantemente amarrada, personagens fortes, bem definidos e uma estrutura de roteiro incrível, é mais do que uma série, é uma escola.
A última seqüência (logo abaixo) dá o tom moral a tudo o que se passou. Patty está onde sempre gostou de estar quando os acontecimentos mais difíceis lhe tiram o chão, mas dessa vez não está sozinha. Ellen a acompanha e faz aquela pergunta que eu, enquanto espectador, jamais pensei que alguém poderia fazer a Patty, principalmente depois tudo o que fez, tramou e manipulou para chegar onde chegou... e ai? Qual o preço, Patty? Qual a resposta? A conquista?


Por fim, as únicas histórias que me interessam são feitas por personagens fortes, por trajetórias que fogem ao senso comum. Não me importo com o caráter, com a ação, muito menos com a justiça. A ficção é pior que o inconsciente, pois nos permite manusear, ver, quase tocar naquilo que somos ou naquilo que desejaríamos ser com toda a crueldade ou serenidade, com todo o sentido ou com todo o surrealismo. Para isso basta que o universo retratado seja verossímil àquilo que ele representa. Até a loucura tem sua própria lógica, que o diga Dr. Hannibal... ou até mesmo Marquesa de Merteuil.

Dead or Alive


You spin me right round, baby
Right round like a record, baby
Right round, round, round
You spin me right round, baby
Right round like a record, baby
Right round, round, round

Choque!

Esses japoneses são mais agressivos que os nossos...


A reunião anual da CIB (Comissão Internacional da Baleia) já enfrenta uma crise antes mesmo de começar. A Austrália pediu que se investigue o suposto suborno pago pelo Japão a nações pobres para que elas votem a favor da caça à baleia. A denúncia foi publicada neste domingo pelo jornal britânico "The Sunday Times", cujos repórteres gravaram delegados de nações como Tanzânia e Guiné dizendo que os japoneses pagavam de passagens aéreas a prostitutas em troca do voto. A revelação fez o ministro do Ambiente da Austrália, Peter Garrett, pedir uma "reforma robusta" da CIB, cujos 88 países membros se reúnem em Agadir, Marrocos, a partir de segunda-feira.

Por REINALDO JOSÉ LOPES
(Caderno Ciência - Folha de São Paulo - 16 de junho de 2010)


PROCURA-SE SÁ DE MIRANDA

Após passar a catraca da Estação Vila Madalena do Metrô, virando pela direita, deparo-me com ISSO:

CANTIGA

Comigo me desavim
no extremo som do perigo;
não posso aturar comigo
nem posso fugir de mim

Com dor da gente fugia
antes que esta assi crescesse
agora já fugiria

De mim se de mim pudesse
que meo espero ou que fim
do vão trabalho que sigo
se trago a mim comigo
tamanho inimigo de mim?

SÁ DE MIRANDA
(1481 – 1558)

Como alguém que viveu séculos antes de mim se atreve a descrever com tamanha precisão o que constantemente sinto? Não consigo medir o meu impacto ao ler o que li, aliás, mal consigo segurar nas mãos a força dessa poesia. E então se fujo porque não posso me aturar, mas consigo libertar a dor quando esta me guilhotina, por que ainda caminho acompanhando comigo um eu inimigo? Se é assim, o que me restará? Nada! Ao menos nada que eu possa fazer. Porque por mais que eu leia qualquer tipo de psicanálise ou filosofia uma pergunta sempre ficará sem resposta: por que Deus e o Diabo sempre ocupam o mesmo lugar?

Teaser da 6ª Temporada de Weeds!

O Showtime divulgou hoje a promo da sexta temporada da série Weeds. Vale lembrar que há rumores de que Elizabeth Perkins (Celia Hodes) deixou o elenco dessa que foi uma das melhores séries dos EUA nos anos de 2005/2006. Weeds entra em seu sexto ano com dúvidas sobre a qualidade de sua dramaturgia, pois vale lembrar que a quinta temporada contou uma história cambaleante, bem perdida em seus objetivos. Entretanto as 4 temporadas são de tirar o fôlego. Sensacionais!


Nada a ver com o assunto, mas já que estou por aqui vai também uma pequena demonstração desse cotidiano real-social:

FILME: De John Ford, MOGAMBO (1953)

Clark Gable
Ava Gardner
Grace Kelly

John Ford é um daqueles versáteis diretores que tem a capacidade de contar, e muito bem, histórias de gênero e estética diferentes. Quem viu “Vinhas da Ira” (com o ótimo Henry Fonda) e “Mogambo” sabe exatamente do que estou falando. São dois filmes excelentes! “Mogambo” é a clássica história do triângulo amoroso, dita e redita em praticamente 99,9% das novelas, e, quando são bem contadas, mesmo que estruturalmente repetidas, nunca deixam de nos prender. É o homem dividido entre duas mulheres, a mulher dividida entre dois homens e quem sabe até um homem dividido por dois homens, três, e por ai vai, já que as relações humanas tendem a ser das mais plurais possíveis. Dito isso, esse tipo de trama jamais cairá em desuso, sempre rendem ótimas histórias.

Ava Gardner

Ava Gardner é Eloise Kelly – ou para os íntimos, a "Honey Bear" – mulher de sensualidade sob medida, atirada, atrevida, selvagem, mas sem ser vulgar. É livre, dramática e muitas vezes engraçada, seus diálogos são os mais interessantes – aliás, diálogo bom nesse filme é o que não falta. O vermelho de Kelly é sempre o mais intenso, quase beirando a tonalidade de um morango maduro. Já Linda Nordley (Grace Kelly) é o seu oposto, mulher insegura, conservadora, guarda certa dificuldade em se libertar de suas amarras sociais, e por quê não dizer “ocidentais”? Não à toa, o vermelho de seu batom assume uma tonalidade mais opaca, apagada. No meio da savana africana as duas se apaixonam pelo caçador Victor Marswell (Clark Gable), um tipão Tarcisio Meira de tempos atrás. Elas se rivalizam, compreendem-se e se unem ao querer a mesma coisa, o grosseirão Vic. E o final? Com quem Marswell termina? É o que sempre perguntamos quando vemos esse tipo de trama em qualquer novela. Eu mesmo, desde o começo, torcia pela união de Gardner e Gable, será que eles terminam juntos?

Clark Gable e Grace Kelly

Outro fator interessante a se notar no filme é a montagem que o tempo inteiro tenta nos iludir – e o faz muito bem – com as cenas em estúdio que se passam por serem cenas externas e originárias da vegetação africana. Eles juntam o estúdio com a savana, semelhante a um plano (floresta em estúdio) e contra plano (savana original), dando a impressão de que o todo pertence ao mesmo universo. E se nota uma série de outras coisas, principalmente a qualidade desse drama que beira o folhetinesco. O filme é excelente!!


(torrentz + legenda)